Série: A Raiz do Problema (Parte 11): Curiosidade

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Enquanto Paulo estava em Atenas esperando Silas e Timóteo se
encontrarem com ele, ele passou seu tempo conversando com as pessoas da cidade
sobre Jesus e a ressurreição. Alguns dos filósofos com quem conversou o levaram
ao Areópago (colina de Marte) para ouvir mais sobre esse novo ensinamento.
Lucas explica por que isso foi feito:

“Ora, todos os
atenienses, como também os estrangeiros que ali residiam, de nenhuma outra
coisa se ocupavam senão de contar ou de ouvir a última novidade”
(Atos
17:21).

Certamente podemos nos relacionar com o povo de Atenas. Eles
queriam aprender mais sobre o que Paulo estava ensinando. Quando ouvimos falar
de algo que nos interessa, isso desperta nossa curiosidade e queremos aprender
mais. O que constitui um assunto interessante varia de pessoa para pessoa.
Independentemente disso, vemos que os humanos são naturalmente curiosos. Há uma
razão para isso – Deus nos fez assim. Paulo explica isso em seu discurso no Areópago:

“O Deus que fez o
mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos humanas,
como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida,
a respiração e todas as coisas; e de um só fez todas as raças dos homens, para
habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes
ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem a Deus, se
porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada
um de nós”
(Atos 17:24-27).

Paulo afirma aos atenienses que Deus nos criou. Desde o
tempo da Criação, entre todas as outras grandes coisas que Ele fez, Ele incutiu
na humanidade um senso de curiosidade. Por quê? Era assim que “eles buscavam a
Deus”. Nossa curiosidade é projetada para nos fazer algumas perguntas: De onde
eu vim? Por que estou aqui? Onde estou indo? Buscar respostas a essas perguntas
deve nos levar a Deus.

Mas a curiosidade também pode nos colocar em apuros. Satanás
aproveitou a curiosidade de Eva para levá-la a pecar no Jardim.

“Disse a serpente à
mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes
desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o
mal. Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável
aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu,
e deu a seu marido, e ele também comeu”
(Gênesis 3:4-6).

Satanás usa nossa curiosidade para nos fazer experimentar o
pecado. Fazemos algo só para ver como é. A fim de usar nossa curiosidade contra
nós para cometer pecados que não cometemos anteriormente, ele deve minimizar as
consequências do pecado. Foi isso que ele fez com Eva. Observe que ele não
tentou convencê-la de que comer da árvore não era uma violação da lei de Deus.
Ele admitiu o fato de que era uma transgressão. Mas ele não queria que ela
permitisse que a penalidade a impedisse de ver como ela poderia se beneficiar
disso. Ela entendia a pena de morte que vinha com a violação da instrução de
Deus. Mas Satanás disse: “Certamente não
morrereis”,
e então lhe disse o que ela poderia ganhar com seu pecado.

Satanás continua a tentar minimizar as consequências do
pecado hoje, dizendo às pessoas: “Ninguém mais saberá”, “Nenhum mal virá disso”
e “Sempre há tempo para mudar”.

O Perigo de um Pecado

Por que não experimentar o pecado se é apenas um pecado? A
razão é porque o pecado tem consequências terríveis. A quantidade de pecado, de
muitas maneiras, é irrelevante. Ceder a apenas um pecado por curiosidade é
perigoso.

Um pecado pode nos separar de Deus, colocando assim nossas
almas em perigo. Quando Filipe foi a Samaria para pregar, uma das pessoas que
obedeceram ao evangelho era um homem chamado Simão, identificado como alguém
que anteriormente era um feiticeiro. Mais tarde, Pedro e João vieram de
Jerusalém para transmitir o Espírito Santo aos que haviam sido batizados. Simão
ficou impressionado e queria ter essa habilidade também. Ele até ofereceu
dinheiro aos apóstolos para obtê-lo. Pedro emitiu uma severa repreensão a Simão:

“Mas disse-lhe Pedro:
Vá tua prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de
Deus. Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é
reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua maldade, e roga ao Senhor
para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que
estás em fel de amargura, e em laços de iniquidade”
(Atos 8:20-23).

Simão precisava se arrepender. Sua alma estava em perigo e
ele precisava de perdão. Pedro lhe disse que seu coração não estava certo
diante de Deus, que ele havia cometido maldade, e que estava no fel da amargura
e no cativeiro da iniquidade. Tudo isso veio depois de apenas um pecado. É como
escreve Tiago:

“Pois quem guarda toda
a lei e ainda assim tropeça em um ponto, tornou-se culpado de todos”
(Tiago
2:10).

Não apenas um pecado pode colocar nossa alma em perigo, mas
corremos o risco de nos enredar e enredar novamente no pecado. Pedro nos
adverte sobre esta condição que existe tanto no falso mestre quanto naquele que
dá ouvidos à sua mensagem destrutiva:

“prometendo-lhes
liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um
homem é vencido, do mesmo é feito escravo. Porquanto se, depois de terem
escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador
Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o
último estado pior que o primeiro”
(2 Pedro 2:19-20).

O pecado não é algo
para se brincar.
Quando damos um passo no caminho do pecado, muitas vezes
descobrimos que acabamos muito mais longe do que pretendíamos originalmente.
Muitos experimentaram drogas e álcool e se tornaram viciados. Outros se
envolveram em relações sexuais ilícitas e contraíram doenças mortais. Outros
ainda permitiram que a curiosidade pela pornografia se transformasse em vício.
Lembre-se do exemplo de Davi e seu pecado com Bate-Seba. Quando ele a viu pela
primeira vez, é duvidoso que ele tenha imaginado todo o episódio terminando com
ele organizando a morte do marido dela para encobrir uma gravidez que resultou
de seu caso com ela. No entanto, foi aí que ele se encontrou no final.

Não experimente o pecado. As consequências, tanto físicas
quanto espirituais, podem ser desastrosas.

Não Precisamos Ser
Curiosos Sobre o Pecado

Há muitas coisas sobre as quais podemos estar curiosos e que
não ameaçam nossa alma. Mas o pecado não é algo sobre o qual devemos nos
permitir ter curiosidade. Por quê? Já deveríamos saber o suficiente. Cada um de
nós já teve bastante experiência com o pecado, tendo-se engajado nele muitas
vezes de muitas maneiras.

“Porque todos pecaram
e carecem da glória de Deus”
(Romanos 3:23).

“Não sabeis que os
injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem
os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os
ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os
roubadores herdarão o reino de Deus. E tais fostes alguns de vós; mas fostes
lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”
(1 Coríntios 6:9-11).

“Porque é bastante que
no tempo passado tenhais cumprido a vontade dos gentios, andando em
dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis
idolatrias”
(1 Pedro 4:3).

Nós pecamos no
passado. Não há nada que possamos fazer para mudar esse fato.
Mas isso não
significa que devemos continuar no pecado. Havia alguns em Corinto que
anteriormente tinham um estilo de vida bastante perverso. No entanto, eles não
estavam mais vivendo dessa maneira. Pedro diz que qualquer que seja o tempo que
tivemos no passado antes de seguir a Cristo, esse foi o nosso tempo para viver
em pecado – não agora. Agora devemos viver para Cristo. Não devemos ficar
curiosos sobre o pecado. Nós já experimentamos isso.

Além de nossa experiência pessoal com o pecado, também
conhecemos outros que pecaram de muitas outras maneiras. Podemos olhar tanto
para as pessoas que conhecemos pessoalmente quanto para aquelas que conhecemos
– incluindo aquelas cujos exemplos lemos nas Escrituras. Quando Paulo escreve
para a igreja em Corinto e discute os pecados dos israelitas e a punição
subsequente, ele os chama de exemplos, sugerindo a necessidade de aprendermos
com suas falhas.

“Ora, estas coisas
lhes aconteceram como exemplo, e foram escritas para nosso ensino, para os
quais são chegados os fins dos séculos”
(1 Coríntios 10:11).

A situação dos israelitas alguma vez melhorou por causa de
seu pecado? Não. Na verdade aconteceu o contrário. O pecado sempre veio com
consequências negativas. Devemos nos lembrar disso sempre que formos tentados a
experimentar o pecado.

Outra razão pela qual
a curiosidade sobre o pecado é tola é que a satisfação que vem com o pecado é
de curta duração.
O prazer que podemos obter do pecado é apenas temporário,
enquanto a recompensa de Deus é eterna.

“Pela fé Moisés, sendo
já adulto, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser
maltratado com o povo de Deus do que ter prazeres passageiros do pecado, tendo
por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; pois
esperava a recompensa”
(Hebreus 11:24-26).

“O mundo passa, e
também suas concupiscências; mas aquele que faz a vontade de Deus vive para
sempre”
(1 João 2:17).

Se somos tentados a pecar por curiosidade, imaginando como
poderia ser, devemos entender o mal que virá por meio de nossas experiências
voluntárias no pecado. Estes são prejudiciais a nós mesmos e aos outros e têm
implicações eternas. Como Jesus disse sobre aqueles que praticavam coisas
contrárias à vontade do Pai: “Nunca vos
conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”
(Mateus 7:23).

Não Desista da Sua
Curiosidade

Ter curiosidade não é errado. Só porque devemos desistir de
nossa curiosidade sobre o pecado, isso não significa que devemos deixar de ser
curiosos sobre todas as coisas. Só precisamos encontrar caminhos diferentes
para satisfazer nossa curiosidade. Há muitas coisas sobre as quais podemos
aprender mais:

Aprenda mais sobre a
vontade de Deus para nós (Efésios 5:17).
A Bíblia é tal que podemos
estudá-la por toda a vida e ainda não chegar a um ponto em que não possamos
mais aprender com ela. Sempre podemos nos aprofundar na palavra de Deus,
enquanto ainda precisamos reforçar o que já aprendemos.

Aprenda mais sobre os
povos e lugares mencionados na Bíblia (história, geografia, arqueologia, etc.).

Esse tipo de estudo pode nos dar uma visão mais clara dos eventos registrados
para nós na palavra de Deus.

Aprenda sobre as
maravilhas da criação de Deus.
O mundo ao nosso redor é um testemunho do
“poder eterno e da natureza divina” de Deus (Romanos 1:20). Seu trabalho é
realmente notável. Quanto mais aprendemos sobre isso, mais nossa fé Nele
crescerá.

Aprenda a usar os
recursos do mundo natural para nos sustentar.
Deus, em Sua providência,
criou um mundo que pode sustentar a vida, fornecendo recursos para comida,
roupas e abrigo. Podemos aprender maneiras de usar as coisas que Deus nos deu.

Aprenda sobre os
outros.
Isso pode abrir portas para ajudá-los e ensiná-los.

Aprenda uma
habilidade que nos ajudará no serviço a Deus
ou no cumprimento de suas
responsabilidades nesta vida.

Esta não é certamente uma lista exaustiva. Mas o ponto é que
podemos usar nossa curiosidade natural para o bem, em vez de experimentar e
abrir a porta para o pecado.

Resumo

Demasiadas vezes, o pecado é cometido porque se está curioso
sobre ele. No entanto, a curiosidade em si não é errado. Deus nos fez seres
curiosos para ajudar a nos conduzir a Ele. Mas o pecado não é algo sobre o qual
você deva ficar curioso. Um pecado pode separar você de Deus. Além disso, você
já sabe o suficiente sobre isso – pessoalmente e por meio de outras pessoas. No
entanto, não abandone sua curiosidade. Encontre outras maneiras de satisfazer
seu espírito curioso.

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